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A CNTIC - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção - está de braços abertos para receber sua entidade!

Contamos com sindicatos e federações de diversas centrais sindicais e atuamos fortemente para unificar as lutas de nossa categoria em todo o Brasil, superando divergências pontuais.

Nossa entidade está habilitada e devidamente regularizada, o que garante a tranquilidade de que os recursos que devem ser destinados ao trabalho sindical não fiquem retidos pelo governo.

Quem constrói o Brasil merece uma entidade forte, séria, comprometida com os interesses da categoria e capaz de respaldar as ações dos sindicatos e federações!

Então, vem com a gente!

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Centrais convocam paralisação nacional contra as reformas da Previdência, Trabalhista e o projeto de Terceirização aprovado pela Câmara, que o governo Temer quer impor ao País.

 

Reunidos na tarde de 27 de março, na sede nacional da União Geral dos Trabalhadores (UGT), em São Paulo, os presidentes das centrais sindicais, dirigentes sindicais analisaram a grave situação política, social e econômica que o país atravessa e decidiram que:

Dia 28 de abril: Vamos parar o Brasil

As centrais sindicais conclamam seus sindicatos filiados para, no dia 28, convocar os trabalhadores a paralisarem suas atividades, como alerta ao governo de que a sociedade e a classe trabalhadora não aceitarão as propostas de reformas da Previdência, Trabalhista e o projeto de Terceirização aprovado pela Câmara, que o governo Temer quer impor ao País.

Em nossa opinião, trata-se do desmonte da Previdência Pública e da retirada dos direitos trabalhistas garantidos pela CLT.

Por isso, conclamamos todos, neste dia, a demonstrarem o seu descontentamento, ajudando a paralisar o Brasil.

São Paulo, 27 de março de 2017

Adilson Araújo
Presidente da CTB

Antonio Neto
Presidente da CSB

José Calixto Ramos
Presidente da Nova Central

Paulo Pereira da Silva (Paulinho)
Presidente da Força Sindical

Ricardo Patah
Presidente da UGT

Vagner Freitas
Presidente da CUT

Edson Carneiro (Índio)
Secretário Geral Intersindical

Luiz Carlos Prates (Mancha)
Secretaria Nacional da CSP-Conlutas

Ubiraci Dantas de Oliveira (Bira)
Presidente da CGTB

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CNTIC cada vez mais próxima de você!

A CNTIC deu mais um passo importantíssimo no processo de aproximação das entidades, dirigentes e trabalhadores que a compõem: lançamos o nosso Portal de Notícias na internet e iniciamos a inserção nas redes sociais.

Vivemos um novo tempo, em que a tecnologia pode estar ao lado dos trabalhadores na organização de suas lutas. A tarefa de uma Confederação, como a nossa, requer contato e troca de informações o tempo todo. Num país de dimensões continentais, como o Brasil, a internet promove uma aproximação muito mais rápida e econômica que os meios tradicionais.

Este é um primeiro passo de nossa modernização. Agora, vamos manter todos informados em tempo real, mas queremos aprofundar a produção e a qualidade dos conteúdos com a participação e o apoio das nossas entidades e dirigentes.

Na luta contra as propostas que retiram direitos dos trabalhadores, uma comunicação forte, ágil e moderna é imprescindível. Nosso site, com certeza, vai cumprir esse papel.

Admilson Oliveira

Presidente da CNTIC

A CNTIC - Confederação Nacional dos Trabalhadores nas Indústrias de Construção - é fruto do esforço coletivo de milhares de trabalhadores, representados por suas entidades de classe - sindicatos e federações, em todos os cantos do Brasil.

Nasceu da necessidade de respaldo e articulação das entidades locais em âmbito nacional e tem como objetivos a organização e o fortalecimento da categoria para o enfrentamento dos desafios cotidianos e o planejamento estratégico das ações futuras.

Segundo dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais) do Ministério do Trabalho, em 2015, havia mais de 2,5 milhões de trabalhadores registrados nas indústrias da construção em nosso país, assim divididos:

- 2.333.267 homens;

- 251.901 mulheres.

Todos sabemos que com o agravamento da crise econômica, a construção foi um dos setores mais afetados, gerando os maiores índices de desemprego nas capitais e grandes cidades do país. Há regiões onde os sindicatos contabilizam números superiores a 50% de demissões entre 2016 e 2017!

Esta crise, que não foi criada pelos trabalhadores, precisa ser enfrentada com coragem, planejamento e articulação nacional. É a CNTIC está preparada para este desafio.

Nós construímos o Brasil! Merecemos respeito!

 

O Sintraconst-Rio realiza, nesta segunda-feira (20), um amplo seminário para debater propostas de modificações na Previdência e na legislação do trabalho. O evento acontece a partir das 8 horas, na sede central do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Rio de Janeiro (Sintraconst-RIO).

Coordenado pelo presidente do Sintraconst-Rio, Carlos Antonio, o debate conta com a participação de lideranças sindicais de todo o Brasil, além de especialistas nas áreas trabalhista e previdenciária. "Nós somos os protagonistas dessa história, não somos coadjuvantes. Nem o governo e nem o Congresso Nacional podem subjugar os trabalhadores do Brasil", destaca o presidente do Sintraconst-Rio.

Representando a direção nacional da Força Sindical estão presentes o vice-presidente, Antônio de Souza Ramalho; o secretário-geral, João Carlos Gonçalves (Juruna); o 1º secretário, Sérgio Luiz Leite (Serginho), além do presidente da Força Sindical - SP, Danilo Pereira da Silva.

Juruna ressalta que a pressão deve ser total. "Nossa mobilização é fundamental neste momento, pois se aprovada como está, a reforma significará, uma verdadeira demolição, e os danos que os trabalhadores sofrerão serão irreparáveis", alerta Juruna.

Serginho lembra que as greves, as paralisações e as manifestações unitárias contra as propostas do Governo de reforma trabalhista e previdenciária, realizadas na semana passada deram apoio total à Emenda dos trabalhadores. "A luta por nenhum direito a menos e uma reforma mais justa está em curso e deve contar com a participação de todos".

O governo recebeu o recado diz Ramalho da Construção, “a classe trabalhadora não quer direitos a menos. O Brasil precisa de reformas sim, os tempos são outros e devemos nos adequar a isto, mas o que não se pode tolerar é o teor das mudanças apresentado pelo governo”, defende o sindicalista.

Confira a programação do evento

Sindicatos e movimentos sociais promoveram nesta quarta-feira (15) um dia de protestos em todas as capitais e no Distrito Federal contra as Reformas e trabalhista e da Previdência.

Em Florianópolis e em Curitiba, os ônibus não circularam. Também não teve coleta de lixo na capital paranaense. Escolas, lojas e bancos ficaram fechados. No fim da manhã, manifestantes fizeram uma caminhada pelo centro.

Protestos bloquearam três rodovias na serra gaúcha. Escolas ficaram fechadas pela paralisação dos professores estaduais. Manifestantes se reuniram no centro de Porto Alegre para uma caminhada no fim da tarde.

São Paulo amanheceu sem metrô e sem ônibus nesta quarta, o que provocou o maior congestionamento do ano: 201 quilômetros. O transporte público foi se normalizando ao longo do dia, mas algumas estações ainda estão fechadas. À tarde, professores e integrantes de centrais sindicais e de movimentos sociais ocuparam as duas pistas da avenida paulista. O ex-presidente Lula esteve na manifestação.

No Rio, teve paralisação nas agências bancárias, escolas públicas e particulares. E servidores do setor de segurança protestaram em frente à Assembleia Legislativa. Uma passeata bloqueou as principais avenidas do centro. Pessoas mascaradas entraram em confronto com policiais e a guarda municipal. Uma pessoa ficou ferida.

Algumas escolas particulares e públicas de Vitória e Belo Horizonte paralisaram as atividades nesta quarta. Na capital mineira, postos de saúde e estações do metrô amanheceram fechadas. Trabalhadores de vários setores percorreram as ruas do centro em passeata.

Manifestantes invadiram o Ministério da Fazenda, em Brasília, pela manhã. O protesto no centro de Goiânia terminou em confusão entre a PM e um grupo de manifestantes. Escolas e creches ficaram fechadas durante o dia. Assim como em Campo Grande, onde os ônibus não circularam por duas horas.

No Nordeste, teve passeata em todas as capitais. Em Salvador, os alunos da Universidade Federal e das escolas estaduais e particulares não tiveram aula.

O metrô do Recife não funcionou pela manhã. Manifestantes atearam fogo em pneus na BR-101 e bloquearam o trânsito na região metropolitana.

Manifestantes também fizeram passeatas nas capitais da região Norte. Algumas escolas de Rio Branco suspenderam as aulas. Servidores da educação de Porto Velho protestaram e começaram uma greve por tempo indeterminado.

Numa cerimônia, em Brasília, sem citar as manifestações, o presidente Michel Temer defendeu enfaticamente a necessidade da reforma da Previdência.

“Nós apresentamos também, convenhamos, um caminho para salvar a Previdência do colapso, para salvar os benefícios dos aposentados de hoje e dos jovens que se aposentarão amanhã. Isso, meus amigos, parece uma coisa ‘será que é pra tirar direitos de pessoas?’. Em primeiro lugar, não vai tirar direitos de ninguém. Quem tinha direito já adquirido, ainda que esteja no trabalho, não vai perder nada do que tem. Mas é prevenir o Brasil do futuro, porque isso não são palavras apenas, são gestos concretos, são fatos concretos que estão acontecendo no país”, disse.

Fonte: G1

Prestes a ser votado na Câmara com apoio da base de Temer, PL 4302 fere de morte direitos fundamentais da classe trabalhadora

A terceirização é sempre fraudulenta porque ela representa a intermediação de um terceiro entre capital e trabalho, que não se justifica e não se legitima. Quem defende essa ideia é o juiz da 12ª Vara do Trabalho de Recife, Hugo Cavalcanti Melo Filho.

Como a maioria de seus colegas que atuam no Judiciário trabalhista ele também é contra os projetos que tratam desse modelo de contratação, especialmente nos moldes em que são discutidos.

Em tramitação no Senado, o PLC 30/2015 (Projeto de Lei Complementar) passou pelo crivo de assembleias populares em todos os estados – leia mais abaixo – que o rejeitaram de maneira unânime. Principalmente, por defender a terceirização sem limites, inclusive na atividade principal da empresa, algo que a legislação atual proíbe.  

Porém, insatisfeita com a vontade popular, a bancada dos empresários na Câmara resolveu ressuscitar o PL 4302/98 (Projeto de Lei), engavetado durante o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e que está na pauta para ser votado pelos parlamentares nesta terça (21).

Clique aqui para ter acesso ao e-mail e fone dos deputados.

Enviado ao Congresso pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o PL 4302 trata do trabalho temporário, mas traz a terceirização sem limites como armadilha. Caso seja aprovado na Câmara, o texto dependerá apenas de sanção presidencial.

Melo Filho aponta que não há nada além do lucro dos empresários com base na precarização das condições do trabalhador que justifique a medida.

“A figura do intermediador é apenas para fraudar direitos, porque o terceirizado, por não se vincular à empresa principal, não tem os mesmos direitos. Acredito que 70% das ações que vão à Justiça do Trabalho envolvam terceirização, porque nelas está a maior quantidade de descumprimento da legislação trabalhista”, afirma.

A posição é muito semelhante à defendida pela juíza da 4ª Vara do Trabalho de Porto Alegre Valdete Severo. Doutora em Direito do Trabalho pela USP (Universidade e São Paulo), ela diz ser algo comum julgar casos em que a empresa terceirizada desaparece sem pagar direitos.

“Na maior parte desses casos o pessoal foi despedido sem receber rescisão e há ainda problemas em setores específicos e majoritariamente terceirizados, como o telemarketing, onde impera o assédio moral. Semana passada eu fiz uma instrução em que própria empresa admitiu colocar num telão no ambiente de trabalho o momento em que o operador faz a pausa. E se for pausa para o banheiro, isso fica visível para qualquer um, causando grandes constrangimentos”, exemplificou.

Negócio lucrativo...para o patrão

A avaliação de Valdete é que o projeto avança a toque de caixa porque encontra respaldo também no poder público, especialmente no ilegítimo Michel Temer (PMDB), em dívida com os financiadores do golpe.

O Rio Grande do Sul, explica, é um exemplo de como muitos gestores cruzam os dedos para ver avançar a terceirização sem limites. Por lá, a batalha é para evitar que o governo de José Sartori (PMDB) acabe com importantes fundações estatais.

“O que acontece no Rio Grande do Sul é o que acontece em outros estados do Brasil. Um projeto de diminuição do Estado naquilo que ele tem de prestação social. No pacote de Sartori que acaba com oito fundações, entraram organizações muito importantes nas áreas de tecnologia, botânica e a TV Cultura. Isso com um pretexto de economizar, mas foram contratados trabalhadores emergenciais para fazer transição nas fundações, o que significa gasto para o governo. Dá a sensação de que não é questão econômica, mas ideológica”, critica.

Enquanto para Melo filho a terceirização, coração do projeto de reforma Trabalhista, representa ampla vantagem para as empresas que desejam acumular cada vez mais, na visão de Valdete o texto não traz preocupação nenhuma com o trabalhador terceirizado.

“Não vai ter regulamentação nenhuma, não há essa preocupação, até porque não acrescenta direito algum para os terceirizados. Todos já estão previstos na legislação trabalhista. A precarização é que será chancelada. O mal que já é a terceirização, que retira direito às férias, reduz salários e aumenta o número de acidentes de trabalho será potencializado. Os projetos de lei representam uma quebra na espinha dorsal do direito do trabalho”, defende ela.

Golpe dentro do golpe

Para a secretária de Relações do Trabalho da CUT, Maria das Graças Costa, se o PL 4302 for aprovado, não será necessária a reforma trabalhista mais.

“As atrocidades desta medida não param na liberação da terceirização em todos os setores, inclusive o serviço público. Você vai ter também a anistia para empresas que foram notificadas pela Justiça por não cumprirem a lei, vai aumentar a possibilidade de trabalho temporário, vai sucatear tudo. Só sobraria a questão do negociado sobre o legislado para discutir. E num mercado todo terceirizado, imagina como estará a organização sindical e a proteção dos trabalhadores num processo de negociação. O golpe dentro do golpe estará dado”, falou.

Ela também lembrou o caráter autoritário da lei, que não passou por discussão com a sociedade. “Quando chegou ao Senado e virou PLC 30, o senador Paulo Paim (PT-RS), relator da matéria, fez audiências públicas em assembleias legislativas lotadas. Em todas havia uma carta aprovada contra terceirização na atividade-fim e não se está considerando nada do que debateu. Estão virando as costas para a população”, criticou.

Ataques por todos os lados

Em 2003, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a retirada de tramitação do PL 4302, mas o texto ficou engavetado. Ao comando de Temer, a Câmara ressuscitou a medida, que foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça com relatoria do deputado Laercio Oliveira (SD-SE).

Antes, já havia recebido parecer favorável na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público pelo relator, deputado Sandro Mabel (na época PR-GO), assessor especial de Temer no Palácio do Planalto.

Tanto Oliveira quanto Mabel são empresários, o primeiro, ex-presidente da Federação Nacional das Empresas Prestadoras de Serviços de Limpeza Conservação (Febrac), setor em que impera a terceirização, e atualmente ocupa o cargo de vice-presidente da Confederação Nacional do Comércio (CNC).

A arapuca armada pela Câmara ataca em duas frentes: atualmente, a legislação permite que o temporário seja contratado em caso de “necessidade transitória de substituição” ou “acréscimo extraordinário de serviços”. Caso em que o trabalhador é afastado por licença ou no comércio durante o Natal, portanto, em caráter excepcional.

Os temporários devem ter asseguradas as mesmas condições dos empregados permanentes da empresa tomadora de serviço em pontos como férias, repouso semanal remunerado, adicional por trabalho noturno, indenização por dispensa sem justa causa ou término normal do contrato.

Mas o PL elimina o caráter ‘extraordinário’ da contratação ao aumentar a permissão do trabalho temporário para seis meses, com possibilidade de até mais 90 dias, eliminando, portanto, o conceito de temporário. O temporário também não terá direito à multa de 40% sobre o FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e ao aviso prévio em casos de demissão sem justa causa.

Além disso, autoriza a implementação na atividade-fim da empresa, a principal, e nas atividades rurais. Na prática, a terceirização sem limites, o que permitirá a existência de empresas sem trabalhadores diretamente vinculados. Atualmente, apenas é permitida a terceirização em atividades de apoio como limpeza e alimentação.

Nessa relação entre patrões e trabalhadores, a responsabilidade deixa de ser solidária e passará a ser subsidiária. No primeiro modelo, a empresa contratante paga os direitos e salários devidos pela terceirizada, caso esta desapareça e deixe o trabalhador na mão, caso muito comum nessa forma de contratação. No segundo caso, o empresário só pagará se a Justiça assim determinar após longa batalha jurídica.

Frente golpista

Antes deste projeto entrar em pauta, a CUT e representantes dos movimentos sindical e sociais já lutavam contra o PLC 30/15, em tramitação no Senado e que tem origem no PL 4330/2014, de Sandro Mabel (PR-GO), aprovado na Câmara por 324 votos favoráveis contra 137 e duas abstenções.

O texto aprofunda um cenário nocivo à classe trabalhadora. Segundo o dossiê “Terceirização e Desenvolvimento, uma conta que não fecha”, lançado em fevereiro deste ano pela CUT e pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), os terceirizados ganham 25% menos, trabalham quatro horas a mais e ficam 2,7 anos a menos no emprego quando comparados com os contratados diretos.

Favorece ainda situações análogas à escravidão. O documento aponta que, entre 2010 e 2013, entre os 10 maiores resgates de trabalhadores escravizados, nove eram terceirizados.

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É muito além de carne estragada

Carne Fraca, para não chamar de carne pobre foi o jeito de garantir o lucro sobre as vidas humanas e a degradação do meio ambiente pelos ruralistas

A Polícia Federal PF e a operação Carne Fraca (não sei de onde veio este nome) declarou à imprensa que as maiores empresas de pecuária e corte e seus frigoríficos fraudavam o processo de produção de carne no país. Boa parte para a alimentação escolar, porem a fraude também era exercida para o mercado privado. Segundo a PF, o Ministério da Agricultura era o grande articulador e interlocutor da adulteração dos alimentos.

Porem existe algo que devemos dialogar que não se refere apenas a operação da PF que na linguagem popular deveria chamar: Carne Podre. Alguns questionamentos e reflexões são fundamentais para a garantia dos direitos humanos, em especial o direito humano a alimentação adequada.

A que custo vale a vida? Alimentos sólidos ou líquidos são a base fundante para que nosso corpo resista ao cotidiano de atividades físicas e laborais. Nossa vida não pode valer a ganância e o lucro de ruralistas que trazem o modelo do agronegócio, baseado na revolução verde dos anos 80, como uma forma única de abastecimento alimentar do país.

Comer é um ato político e segundo o organizador do SlowFood, Carlo Petrini, o poder de articulação entre os campesinos e a população é uma estratégia objetiva para romper com a quase nenhuma soberania alimentar que vivenciamos nos tempos atuais.

E se é política a escolha do alimento, mais do que nunca é hora de fortalecer a agricultura familiar agroecológica, garantir a Segurança Alimentar e Nutricional como um direito inalienável, superar a ideia de que alimento é mercadoria. É também importante garantir a produção nas grandes cidades através da agricultura urbana, pensando as praças, parques e lotes vagos que hoje estão dispostos a especulação imobiliária como espaços de produção.

Lutar é preciso. O agronegócio é o PIB de um país que lucra com a morte de milhares de pessoas por doenças como câncer, diabetes e dentre outras provocadas pela transgenia dos alimentos, veneno na produção agrícola. Quem perde com isso é o povo brasileiro, a fauna e flora. Não haverá biodiversidade enquanto o lucro for mais importante do que a Terra.

Lutar é necessário. Garantir aos agricultores e agricultoras familiares a condição real de assistência técnica e fomento para a produção de alimentos saudáveis, superar o estigma de que comer caro. Só quando os governos estiverem articulados aos movimentos sociais haverá circuitos curtos de comercialização e uma nova legislação sanitária que coloque fora de nossas casas as carnes pobres e nos garanta os produtos beneficiados pelo campesinato.

Comida de verdade no campo e na cidade só é possível se existir uma nova forma de lidar com o campo, pensando a ruralidade, as tradições e o conhecimento popular. Só será possível quando estivermos dispostos a construir uma nova ordem societária longe da opressão e da desigualdade, em que a relação ecológica não seja um marketing empresarial, mas sim um norteador para o equilíbrio do planeta.

Leonardo Koury – Professor, assistente social e militante dos movimentos sociais

Você precisa conhecer o Hotel Cambridge e a Dona Carmen

Filmes e novelas que desenvolvem a temática social são na maior parte das vezes intermináveis repetições de palavras de ordem e clichês –e, por isso, chatíssimos. Heróis inverossímeis falando sobre sofrências e utopias.

“Era o Hotel Cambridge”, da diretora Eliane Caffé é outra coisa.

Retrato construído com um milhão de pixels anônimos (os trabalhadores sem teto, refugiados das grandes metrópoles do Brasil e do mundo), o filme escolheu estar a meio caminho entre a ficção e o documentário, para melhor se aproximar de seu foco narrativo: a vida, os sonhos, os amores e o tesão da luta em uma das mais emblemáticas ocupações de sem-teto de São Paulo, a que repovoou o antigo Hotel Cambridge.

Fincado em prédio de estilo modernista na avenida Nove de Julho, o Hotel Cambridge foi inaugurado em 1951. Era famoso pelo bar elegante com poltronas vermelhas, onde se apresentou, em 1959, o músico Nat King Cole, quando ele veio ao Brasil. “Stardust”, a canção que fala sobre os encantos do amor que passou, embalou a noite. Poeira estelar.

 

 

Fachada do Hotel Cambridge, na avenida Nove de Julho

Daqueles brilhos, o Cambridge desabou no buraco negro da decadência tão logo o centro econômico e financeiro da cidade deslocou-se para a região da avenida Paulista e, depois, para a Faria Lima e Berrini. Hotéis com nomes chiques e obviamente estrangeiros, como o próprio Cambridge, o Othon Palace, o Hilton, o Paris e o Cad’oro, entre outros, viveram em agonia, até o apagar definitivo das suas luzes.

Carmen Silva Ferreira, 57 anos, foi quem reacendeu as luzes do prédio de 17 andares e 120 apartamentos. Em vez dos engravatados de antes, ela capitaneou um exército de pobres miseráveis, gente que não tinha nem sequer um teto pra dormir em paz… e eles ocuparam o Hotel Cambridge, então tomado por ratos, baratas, lixo, entulho. Toneladas de dejetos foram retirados dos andares.

Detalhe: As centenas de edifícios abandonados do centro da cidade são como tumbas de histórias e recordações. Como tumbas, os proprietários lacram-lhes portas e janelas com tijolos e cimento. É para evitar a invasão de animais ou de quem queira questionar a posse do imóvel — o prédio sufoca sem ar e nem luz.

Felizmente, não é nada que algumas marretadas não resolvam.

 

 

Eliane Caffé acompanhou com sua equipe algumas ocupações reais enquanto elas aconteciam. A Carmen que praticamente arranca os passageiros dos ônibus, arremessando-os para um prédio abandonado que acabava de ter sua entrada arrombada a marretadas, fez isso tudo durante uma ocupação real. A tensão no ar, o medo de que a polícia chegue, da porrada, da bomba, ela gritando “Vai pegar a tua casa! Vai, pega a tua casa!” –era tudo verdade. Aconteceu em abril de 2015 e os Jornalistas Livres acompanharam.

Vida cármica

Baiana, mãe de oito filhos, Carmen nasceu na Cidade Baixa de Salvador, filha de empregada doméstica e de militar. Foi o pai que a criou e é indelével a marca deixada pela disciplina da caserna no espírito da mulher. O Cambridge dos sem-teto brilha de limpeza, fruto de mutirões bem-organizados. Tem uma sólida hierarquia, que começa pelos coordenadores de andares, pelos líderes de projetos comunitários, passa pela Linha de Frente (guerreiros que são os fiéis escudeiros da ocupação), e chega até a liderança incontestável de Carmen –a Dona Carmen, como é respeitosamente chamada. Depois das 22h, é tudo silêncio.

Neste caso, trata-se de autoridade conquistada. Carmen casou-se aos 17 anos e conheceu a violência doméstica, espancada que era pelo marido truculento e cheio de ciúmes. Com 16 anos de união, 8 filhos, ela jogou tudo para o ar e fugiu para São Paulo. Sem teto, conheceu a dura rotina e a solidariedade das ruas. Morou em albergues, um administrado pela Igreja Universal do Reino de Deus, e outro, público, sob o viaduto Pedroso, que atravessa a avenida 23 de Maio, no centro da cidade.

Rotina dura. No albergue, um humano é só corpo que precisa de pouso e banho. Tem de sair tão logo o dia nasce. E voltar assim que a noite cai, senão não entra. Carmen lembra-se de passar horas e horas, esperando o tempo passar, dentro do templo da Universal na avenida Brigadeiro Luis Antonio. Andou muito, conheceu todas as entidades que serviam comida, em busca de emprego, as quebradas. Virou cozinheira, mas achou pouco…

A rua é cruel e louca. Ela resistiu ao desespero porque seu único objetivo era trazer todos os filhos para viver sob suas asas (conseguiu). Já viu muita gente forte desabar ante o peso da própria dor.

Carmen iniciou-se no movimento dos sem-teto quando morou, por seis anos, num antigo prédio do INSS, de novo na avenida Nove de Julho. De lá para cá, participou de dezenas de ocupações. Hoje, é uma das maiores conhecedoras da cidade. Quem está devendo IPTUs milionários, quem são os maiores latifundiários urbanos, quantos imóveis possuem, quem são os habitantes tradicionais de cada bairro. É respeitada na Prefeitura, acaba de ser convidada a lecionar em uma grande Escola de Arquitetura. Urbanismo prático.

A hora H

Junta gente de todos os jeitos na hora de ocupar. A velhinha louca que perdeu tudo na jogatina, a jovem crente desempregada, o dependente de drogas, o estudante de medicina que foi expulso de casa porque o pai descobriu que ele é gay, o pastor, a sambista, o poeta, o militante, o refugiado palestino, sírio e congolês, sobreviventes de tragédias humanitárias, os imigrantes bolivianos, haitianos, a prostituta. Um dos grandes insights do movimento de moradia deu a liga entre todos esses espécimes da grande biodiversidade humana que viceja no centro elétrico da metrópole:

“SOMOS TODOS REFUGIADOS: OS ESTRANGEIROS AOS QUAIS A PRÓPRIA PÁTRIA TORNOU-SE AMEAÇADORA; E OS NACIONAIS, AOS QUAIS O BRASIL DOS PRIVILÉGIOS VIROU AS COSTAS”, CONFORME EPIFANIA DE CARMEN.

Nem precisa dizer que é difícil alinhar na vida intensamente coletiva da ocupação as pirações individuais de pessoas tão diversas.

A cozinha é coletiva no começo. Não tem água, não tem luz, tem ratos e baratas, tem fios desencapados, esgoto podre. Elevador? Hahahaha!

Gênios dos serviços gerais, da faxina pesada, auxiliares de pedreiros, ajudantes de ordens de oficinas mecânicas, ajudantes de cozinhas e jardineiros põem-se em ação ordenada por dentro dos encanamentos, dos conduítes, das canaletas enferrujadas — tudo para ressuscitar o prédio e dotá-lo das condições mínimas para ser um lar, enquanto as crianças correm de um lado a outro e improvisa-se a primeira escolinha.

O filme de Eliane Caffé captura nos 90 minutos de exibição as dores de perdas definitivas — e de saudades sentidas — nas conversas por Skype entre os refugiados, agora no Cambridge, e seus parentes e amores distantes (na Gaza destruída pelo massacre dos mísseis israelenses, ou no Congo arrasado pela guerra civil e pelo ebola) Mas, avesso aos vitimismos, embora motivos não faltem, sublinha a solidariedade entre os sem-tetos. É o que permite a construção coletiva de uma poesia lavrada na esperança de dias melhores.

E PÕE FESTA, E MÚSICA, E DANÇA –ALIÁS, NO JARGÃO DO CAMBRIDGE, “FESTA” É O NOME QUE SE DÁ À AÇÃO DE OCUPAR JUNTOS UM IMÓVEL ABANDONADO. HOJE VAI TER FESTA!

Fácil imaginar o luto que representa, por oposição, o ato de desocupar a casa em que se mora, porque o proprietário-especulador-imobiliário conseguiu de um juiz que assinasse uma ordem de despejo do imóvel cheio de dívidas de IPTU. É quando a polícia vem para jogar todos na rua, pelo bem ou pelo mal. E tome bomba, spray de pimenta, crianças sufocando.. a rua, de novo.

Recomeçar sempre.

Movimento de pobres, de pretos, de pardos, a luta pela moradia no centro de São Paulo é intensa e solidária na construção diária de novíssimos quilombos, dirigidos quase sempre por mulheres. O filme de Lili Caffé honra com delicadeza e amor essas histórias lindas de vida.

 

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